Débora Beloni

Débora Beloni
Vivemos na cidade das letras?

É possivel alfabetizar utilizando textos?

sábado, 29 de maio de 2010

A vida na escola e a escola na vida


Preparando aluno para vida! Que vida!?!
Acreditar na escola como local de formação da criança para inseri-la na sociedade quando for adulta é uma idéia por demais futurista.
Abortamos todo o potencial presente na espera de um momento vindouro.
Nossas crianças fazem parte da história desta sociedade. São elas que vendem as guloseimas nas ruas, nos terminais rodoviários. São elas que carregam as compras nas feiras livres, nas portas dos mercados. São elas que limpam nossos vidros dos carros e nos dão entretenimentos com o malabarismo de suas bolas no semáforo.
A sociedade vive a todo o momento a presença das crianças, construindo/modificando seu dia-a-dia.
Preparar quem para vida? Quando a escola prepara?
Até agora só as crianças de classe popular foram mencionadas. Mas e se formos pensar nas crianças que não são de classe popular? Podemos também prepara-las para o que virá?
“... o que irá me acontecer? O meu destino será como ...” essa música nos mostra a fragilidade da previsão dos fatos.
No processo ensino-aprendizagem aprendente e educando se misturam, recebem, dão, amam-se, odeiam-se e constroem-se agora. JÁ.
Não dá para esperar o vestibular ou o concurso de uma determinada firma para verificarmos se o aluno apreendeu o conteúdo ensinado. Faz-se necessário ver a atuação imediatamente após o ensino.
Viver com seu aluno a ação pedagógica, chorar com seu fracasso, sorrir com seu sucesso é o caminho de uma relevante preparação de vida. Vida diária. Vida vivida a dois, a três, a trinta e tantos da sala de aula.
Respeitar sua cultura, sua bagagem, seu saber é inseri-lo na vida cotidiana dos seres humanos que nos governam noite e dia.
Ouvir seu aluno, suas histórias sem coesão ou coerência, suas frases sem muitos vocábulos inteligíveis. Ouvir o batimento do seu coração, por você, pela escola, pela vida ...
Não, não posso incorporar as características daqueles povos nômades e prever através da leitura de mão os próximos anos dos meus alunos. Não quero correr o risco de ouvir mais tarde a célebre frase: A CIGANA ME ENGANOU...

quinta-feira, 20 de maio de 2010

PENSANDO A GÊNESE DA PRODUÇÃO ESCRITA DAS CRIANÇAS

Tenho (re)pensado a escrita e a leitura das crianças. Leio, releio teóricos. Reporto-me a Freire instigando-nos a ler o mundo... Ler a palavra e vermos a sua importancia.
Segundo Vygotsky a palavra transforma e redimensiona a ação humana, pois personalizamos o discurso social e o transformamos em discurso interior, então como se relacionam e se articulam discurso interior e discurso escrito? Se esses dois tipos de discursos se constituem e interagem, que implicações têm isso no processo inicial de leitura e como se dá esta relação na gênese da produção escrita?
O contato com a escrita interfere ou transforma a elaboração do discurso interior? Em que medida?
Sabemos que o discurso interior é uma linguagem complemetamente desabrochada em toda a sua dimensão, sendo mais completa do que a falada. Esse discurso é quase predicativo porque a situação, o assunto pensado é sempre conhecido de quem pensa. A linguagem escrita, pelo contrário, tem que explicar completamente a situação para ser inteligível.
A transformação do discurso interior, condensado ao máximo, em linguagem escrita, pormenorizada ao máximo, exige o que poderíamos designar por semântica deliberada – estruturação do fluir do significado.
Como responder a esses questionamentos?
Aceito comentários.